13 março 2024

 

CASA SARNO: UM SÉCULO

 


Fundada em Poções, interior da Bahia no ano de 1896, a Casa Sarno vem  de completar um século de existência.

Francesco  Sarno, natural de Mormanno Itália, aventurou-se primeiro na Amazônia, passando por Manaus. Acompanhado por Fortunato Orrico, amigo e cunhado, resolveram fugir do calor, descendo em direção à Bahia, onde sabiam que encontrariam, em São João de Alípio, atual Jânio Quadros. Miguel Orrico sogro e pai, respectivamente.

Sapateiro por profissão Francesco Sarno pode percorrer algumas cidades do interior do Estado, antes de se fixar em Poções , como comerciante.

O lugar que, em 1817 o Príncipe Maximiliano  de Weid Neuwied havia descrito como “uma dúzia de casas e uma capela feita de barro” não havia mudado muito, mas Francesco Sarno conhecido popular e abrasileiradamente como Chico Sarno, resolveu enfrentar o desafio.

Eram tempos difíceis. Não havia luz elétrica, as comunicações eram demoradas, o abastecimento precário. A presença e a ameaça dos jagunços, como o bando dos Cauassús era uma constante.

À luz do lampião, Chico Sarno  contabilizava pacientemente suas vendas e seus fiados. O inicio do século o encontra devidamente registrado para o comércio de fumo em bruto, tecidos e bebidas alcoólicas. Do madrasto ao brim, da chita ao chitão, da bulgarina francesa às ceroulas de linho, lá estavam os tecidos da época ; para a confecção, os aviamentos apropriados como linha Alexander e botões de vidro; nas ferragens os afamados pregos caibrais ; na alimentação os frascos de ameixas, as libras de manteiga e as latas de sardinhas. Havia sacos de chumbo, barril de pólvora e barrica de salitre. Na caderneta do fiado ou contas do Rol, lá estavam os patrícios João Rotondano, Antonio Gatto, Baptista Scaldaferri, Carlos Colavolpe, José Arléo, Angelo Logetto e outros.

Tendo-se agradado da terra e da gente, Chico Sarno mandou buscar em Mormanno o sobrinho Vincenzo Sarno, a quem deixou como sucessor, ao retornar  definitivamente a Trecchina, em 1920. Em seguida vieram , o filho Vincenzo Orrico Sarno e os outros sobrinhos:Corinto,Valentino,Camilo,Luigi,Emílio e Rosina Libonati.

A firma cresceu, expandiu-se para Jequié e Salvador. Os irmãos Sarno ficaram sócios até 1965, quando resolveram repartir a firma amigavelmente.

Francisco Pithon Sarno, da terceira  geração, no ramo de ferragens e na tradicional loja da rua Guindaste dos Padres, em Salvador, tornou-se sucessor da Casa Sarno. O centenário se comemora tendo a quarta geração na direção dos negócios.

A Família Sarno, já na quinta geração ,reconhece a aventura e o sacrifício por que passaram os que primeiro emigraram, e agradece a herança que , na concepção deles, era a maior de todas: a educação dos filhos.

Eduardo Sarno

Maio/97

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