CASA SARNO: UM SÉCULO
Fundada em Poções, interior da Bahia no ano de 1896, a Casa Sarno vem de completar um século de existência.
Francesco Sarno, natural de Mormanno Itália,
aventurou-se primeiro na Amazônia, passando por Manaus. Acompanhado por Fortunato
Orrico, amigo e cunhado, resolveram fugir do calor, descendo em direção à
Bahia, onde sabiam que encontrariam, em São João de Alípio, atual Jânio
Quadros. Miguel Orrico sogro e pai, respectivamente.
Sapateiro
por profissão Francesco Sarno pode percorrer algumas cidades do interior do
Estado, antes de se fixar em Poções , como comerciante.
O
lugar que, em 1817 o Príncipe Maximiliano
de Weid Neuwied havia descrito como “uma dúzia de casas e uma capela
feita de barro” não havia mudado muito, mas Francesco Sarno conhecido popular e
abrasileiradamente como Chico Sarno, resolveu enfrentar o desafio.
Eram
tempos difíceis. Não havia luz elétrica, as comunicações eram demoradas, o
abastecimento precário. A presença e a ameaça dos jagunços, como o bando dos
Cauassús era uma constante.
À
luz do lampião, Chico Sarno
contabilizava pacientemente suas vendas e seus fiados. O inicio do
século o encontra devidamente registrado para o comércio de fumo em bruto,
tecidos e bebidas alcoólicas. Do madrasto ao brim, da chita ao chitão, da
bulgarina francesa às ceroulas de linho, lá estavam os tecidos da época ; para
a confecção, os aviamentos apropriados como linha Alexander e botões de vidro;
nas ferragens os afamados pregos caibrais ; na alimentação os frascos de
ameixas, as libras de manteiga e as latas de sardinhas. Havia sacos de chumbo,
barril de pólvora e barrica de salitre. Na caderneta do fiado ou contas do Rol,
lá estavam os patrícios João Rotondano, Antonio Gatto, Baptista Scaldaferri,
Carlos Colavolpe, José Arléo, Angelo Logetto e outros.
Tendo-se
agradado da terra e da gente, Chico Sarno mandou buscar em Mormanno o sobrinho
Vincenzo Sarno, a quem deixou como sucessor, ao retornar definitivamente a Trecchina, em 1920. Em
seguida vieram , o filho Vincenzo Orrico Sarno e os outros
sobrinhos:Corinto,Valentino,Camilo,Luigi,Emílio e Rosina Libonati.
A
firma cresceu, expandiu-se para Jequié e Salvador. Os irmãos Sarno ficaram
sócios até 1965, quando resolveram repartir a firma amigavelmente.
Francisco
Pithon Sarno, da terceira geração, no
ramo de ferragens e na tradicional loja da rua Guindaste dos Padres, em
Salvador, tornou-se sucessor da Casa Sarno. O centenário se comemora tendo a
quarta geração na direção dos negócios.
A
Família Sarno, já na quinta geração ,reconhece a aventura e o sacrifício por
que passaram os que primeiro emigraram, e agradece a herança que , na concepção
deles, era a maior de todas: a educação dos filhos.
Eduardo
Sarno
Maio/97
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