31 outubro 2009

A Guerra de Badoque

De um lado estávamos nós, filhos de comerciantes abastados, advogados de renome, gringos italianos e grandes fazendeiros. Èramos os Espinheiras, Sarnos, Lopes e Curvelos. Quase todos morando na Rua da Itália, a principal de Poções.
Do outro lado estava “Bocage” e sua turma: Prexada, Respiço, Buate e Zezim Bocão. Eram chamados moleques, viviam nos arredores da cidade, eram pobres.
Nosso chefe era Ruy Espinheira Filho, por apelido “Abate” e a guerra tinha regras precisas. Os chefes dos dois grupos parlamentavam e decidiam o dia, a hora e o local da batalha.
Então os preparativos começavam. As “balas” para os badoques eram feitas de barro e depois assadas. A quantidade necessária era tanta que havia uma “indústria de guerra”, em que eu, Carlos Sarno e Gey Espinheira, os mais novos, fabricávamos balas para vender.
Eram encomendadas as “capangas”, bolsas de pano à tiracolo, para colocar as balas. Nossas mães costuravam as capangas com muito gosto, mal sabendo para que fins bélicos elas serviriam. Preparava-se os badoques com ganchos de velame (1) bem aprumado,borracha nova bem amarrada, e sempre um a mais, de reserva. O nome “badoque”, que transitou do grego ao árabe, na verdade significou primeiro uma noz e depois a bolinha de barro que era atirada, primitivamente com a besta.
Os preparativos e as barricadas eram feitas nos fundos da casa de Abate, pois esse tinha sido o local escolhido. Ali passava, no verão, um fio de água vindo do açude que, após um poço misterioso, ia dar nos fundos do Prédio Escolar Alexandre Porfírio.
O dia marcado se aproximava e a tensão aumentava. Já não se podia sair sozinho à rua, com receio de uma provocação. E tudo era feito em sigilo, nenhum adulto desconfiava.
No dia e hora combinado lá estava cada grupo no seu lado. Os irmãos Lopes, Kíume e Wesley, no inicio da batalha sempre tinham um plano, uma cilada. Saíam os dois e só reapareciam com a luta terminada, inventando e contando as mil dificuldades que tiveram para colocar em prática a cilada, que nunca dava certo.
Luizito havia levado consigo uma sobra de fogos de São João e resolveu, naquela hora de tensão inicial, com todos a postos, soltar um foguete, que subiu assobiando.
Ainda estávamos surpresos quando Luizito, no mais puro gesto cinematográfico levantou-se, brandiu o braço em direção ao inimigo e gritou: "Atacar !". Imediatamente ele recebeu uma saraivada de balas inimigas e teve de se abrigar. A luta começara.

Sempre lutávamos com bravura, mas só os derrotamos uma vez, quando tivemos a ajuda inesperada de um aliado desconhecido, com uma funda. Tínhamos mais planos, mais idéias e mesmo mais sonhos. Mas eles tinham mais garra e pontaria. As coisas nunca aconteciam como prevíamos. Correndo das balas, aprendíamos que ali as coisas não se passavam como nos filmes que víamos, onde os artistas sempre ganhavam.
E por que não seriam os artistas Bocage e sua turma? Só hoje, tarde demais, me pergunto isso.
As guerras acabaram quando uma bala perdida quebrou a vidraça e acertou o Juiz de Direito da Comarca, o Dr. Eurico Alves Boaventura, dentro do Fórum. Sob o império da lei, recolheram todos os badoques do Município. Era proibido badocar. Para alegria dos pássaros, vidraças e Juizes de Direito.
Não sei ao certo quando levantaram a proibição . Só sei que desde então, até hoje, não badocamos mais.

Teve início então a época das espingardas de encher pelo cano, da caça às rolinhas, dos tiroteios no açude novo, com Gey alvejado por tres chumbinhos no antebraço, que sempre exibia orgulhoso, como um troféu, e as lavadeiras fugindo e gritando desesperadas:
“- Para com isso, “ meninos endiabrados ! ”
Eduardo Sarno

(1) Planta da família das euforbiáceas

20 outubro 2009

Bocce, Boccia, Bocha

Seja com o nome como já era conhecido na antiga Roma, ou como é conhecido na Itália ou no Brasil, este jogo, agradável, simples e adaptado a todas as idades sempre foi praticado onde havia colônias italianas.
A Casa D´Itália tem uma bela quadra de Boccia onde aos domingos os italianos se encontram para uma disputa amistosa.
Em Poções jogava-se a Boccia na praça, mas depois a prática foi se extinguindo e pouca lembrança restou.
No Rio Grande do Sul a prática do jogo sempre esteve presente entre os imigrantes e seus descendentes. (foto)
Para ampliar a prática deste esporte, o Sr. Paolo La Macchia (foto)
está realizando, todas as terças e quintas, às 19 horas, sessões gratuitas de instrução e prática aos interessados.
Contato e informações com a secretaria da Casa D’Itália – (71) 3329-5564.

Almoço na Casa D'Itália

No dia 18 de Outubro de 2009 a Diretoria , tendo como Presidente o Sr. Antonio Belmonte (foto), inaugurou o novo piso de granito do salão da Casa D’Itália. Da confraternização ,com música italiana ao vivo e deliciosa macarronada, participaram diversos sócios, amigos e familiares. (fotos)

16 outubro 2009

Vicente Sarno e Filhos

Vicente Sarno (foto) veio da Itália para o Brasil em 1905, com a idade de 12 anos. Deixou os pais em Mormanno (Cosenza) e foi trabalhar com o tio Francesco Sarno em Poções, interior da Bahia.
Casou-se com Aurelina “Lelinha” Pithon (foto) (*1897 + 1998),
sobrinha do Padre Pithon "Dinho Padre" ( foto), vigário de Poções na época.

O casal teve oito filhos (foto) : da esquerda para a direita: Benito(*1931), Maria (Lourdes)(*1930 + 2009), Manoel (Maneca)(*1925 +1974), Lea (*1932), Aurelina Pithon, Vicente Sarno, Teresa(*1929), Élio (*1927), Francisco (Chico)(*1926 +1986) , Fidélis (*1926).

14 outubro 2009

O Café

Em Poções, no verão, as tardes quentes prenunciavam noites frescas. Na Rua da Itália, o ponto de encontro dos primos, depois do jantar, era a varanda de nossa casa ou a de tio Valentim.
O papo corria solto, com piadas contadas pelo primo Irineu (foto), gargalhadas e comentários os mais diversos. Nós estávamos de férias, todos chegados de Salvador, depois de um ano inteiro de estudos, alguns internos no Salesiano ou Marista.
Invariavelmente meu pai e minha mãe caminhavam pela calçada, e tio Américo e tio Luis às vezes vinham juntar-se a eles.
Quando terminava o passeio meu pai sempre parava para uma prosa com os sobrinhos. Um dedo de prosa, como se dizia.
Uma das vezes o assunto foi o café. Naqueles idos de 1950 o café era um assunto nacional, não só pelo volume de exportação como o fato de grandes quantidades terem sido queimadas, ou jogadas ao mar, para manter o preço. Criticava-se também o fato do Brasil não poder vender café diretamente à União Soviética, e ter de fazê-lo através dos Estados Unidos.
Meu pai explicava pacientemente, e com ar professoral, todos os detalhes do mercado do café, mas a discussão continuava. Ele então pedia um momento, entrava em casa e ia buscar o “dossiê do café”: um classificador onde estavam anotações, recortes e correspondência sobre o mercado do café. Ele então lia os documentos que confirmavam as suas afirmações e todos terminavam convencidos pelos fatos.
A firma Sarno & Irmãos tinha fazenda onde plantava café, e um armazém (foto-1948) onde comercializava o próprio e o adquirido, além de mamona, cacau, peles, etc. Tio Luis e tio Emilio gerenciavam o armazém, e eram “experts” em café, reconhecendo e avaliando os grãos de qualidade para a compra e beneficiamento.


Erotildes e Vitalino eram os “camaradas” de confiança que pegavam no pesado e deixavam tudo arrumado. Eram pilhas enormes de sacas de café e cacau. O transporte era feito no caminhão de Herculano.
Sempre nós íamos lá brincar e quando havia algum saco de cacau furado enchíamos os bolsos com as sementes e em casa conseguíamos fazer um chocolate caseiro, muito gostoso. Anos depois, ao tentar repetir o feito em Itacimirim, só consegui fazer um mingau lilás, logo apelidado de “chocogrude” e rejeitado por todos... menos pelo primo Pietro Sangiovanni, que comeu e achou delicioso !
Fidelão, filho de tio Emilio, e Fernando, filho de tio Luis, tinham uma brincadeira mais sofisticada: brincavam de Zorro em italiano!
No armazém, o cheiro das sacas de café e cacau era inesquecível, e do alto das pilhas ficávamos olhando as “catadeiras” ou "pianistas" (foto), mulheres que, sentadas em grandes bancos catavam os grãos. Erotildes e Vitalino subiam nas compridas mesas e despejavam os grãos, arrastando as sacas.
A firma Sarno vendia para Brandão & Filhos, e para isso tinham de estar em dia com as cotações nacionais e internacionais. Assim, era imprescindível para Corinto ouvir pelo rádio o noticiário do Repórter Esso, e a Rádio Nacional com as últimas novidades do cambio e das cotações.
Na década de 50, na Europa ainda havia as dificuldades do pós-guerra, e minha mãe fazia pequenos sacos de algodão , onde cabia um quilo de café em grão. Nós íamos levar ao Correio para postar para os parentes em Mormanno, na Itália. Quem nos atendia era Zulmerinda Duarte Curvelo, futura sogra de meu irmão José Fidelis.
Os italianos da família Leto, em Jequié, faziam o mesmo, postando para os parentes em Trecchina.
O café era torrado em casa. Meu pai trazia uma seleção dos melhores grãos, e colocava em um cilindro de ferro com uma manivela, para girar. No quintal havia o lugar apropriado para o encaixe do cilindro e o fogo era colocado em baixo. Dali o café já torrado ia para a máquina de moer, também manual, e esta era uma tarefa para nós, meninos.
Bule, chaleira e coador de algodão eram os utensílios usuais que completavam a feitura do café. O bule costumava ficar em cima da chapa quente do fogão a lenha. Por vezes usava-se a cafeteira italiana.
Minha mãe, muito econômica, e achando que o pó era tão bom que se prestava para isso, chegava a fazer café duas vezes com o mesmo pó, para desgosto e protestos de nós, consumidores familiares.
Certa feita meu pai trouxe amostras de café in natura para torrar, moer e coar dentro da melhor técnica, para degustação. Era uma encomenda importante para exportação. Desavisada, ou usando a sua visão econômica, minha mãe misturou com outros grãos... para render !
As visitas tomavam sempre um cafezinho bem passado, servido em bandeja de prata e xícaras finas de fabricação francesa ou japonesa, que ficavam na cristaleira da sala.
Para meu pai – não sei se invenção dele ou dela – minha mãe fazia uma “garapa” de café, gelada, que eu levava no meio da tarde quente para o escritório dele, na Casa Sarno. Ao que parece o meu pai apreciava, porque no dia seguinte a garrafa estava vazia.

Eduardo Sarno
27.07.08

Fedele, o Sarno que não veio

Fedele Sarno (foto) (*1860- +1942), nunca veio ao Brasil, mas mandou 7 dos seus filhos: Vicente (*1893-+1975), Corinto (*1899-+1970), Luis (*1907-+1994), Valentim (*1902-+1990), Emilio (*1904-+1977), Rosina (*1911-+1973) e Camilo (*1909-+1995).
Na foto com a esposa Teresina Minervini (*1870+1940) falta o filho Vicente, que já estava no Brasil, em companhia do tio Francesco Sarno ,em Poções,interior da Bahia.
Esta foto foi tirada por volta de 1915, estimando-se a idade de Rosina, a mais nova, em torno de 4 anos.


Da esquerda para a direita: Luis – Emilio- Corinto – Teresina Minervini - Carmine (falecido precocemente) – Rosina – Fedele Sarno – Camilo – Valentim.
Esta foto certamente foi enviada para Vicente, para que conhecesse os irmãos que haviam nascido depois da sua partida e os que havia deixado bem novos.
Além dos filhos que vieram para a Bahia, dois irmãos de Fedele vieram para o Brasil: Antonio, para Minas Gerais (ver matéria neste blog) e Maria Agnese, para Santos, casada com De Franco.

19 setembro 2009

As Flores

Os italianos, apesar da origem urbana, tinham forte ligação com os produtos do campo e ficavam embevecidos com a extensão da terra, sua qualidade e consequente profusão do verde em Poções
Refinados, procuravam adequar estes fatores para um cultivo doméstico de plantas variadas. Fazia parte da atividade de lazer dos meus tios o cuidado com as plantas. Da entrada da casa até o fundo do quintal, passando pela sala, copa e ampla área de serviço, tudo era uma ornamentação natural do verde.

Caqueiros, canteiros, caixotes da Casa Sarno, tudo servia para acolher plantas. Nas nossas casas havia dois tipos de quintais: o primeiro era das plantas ornamentais, junto da área de serviços, onde as domésticas lavavam as roupas, “areiavam” (1) panelas e cozinhavam no grande fogão a lenha.
O segundo, separado por um muro, era o quintal das árvores frutíferas, onde se jogavam os restos de comida, que eram ciscados pelas galinhas.






Mesmo não dispondo do recurso das cores, o fotógrafo registrou a exuberancia das flores

(casa de Ruy Espinheira e depois Américo Libonati)

Rosa Alba e Maria Teresa Sarno
No nosso quintal das plantas ornamentais havia algumas árvores frutíferas, que faziam sombra, e tudo o mais eram flores. No correr do muro estavam as rosas. As “Branca de Neve” eram solicitadas para se fazer chá. A “Vermelha” deslumbrava pela beleza, a “Cor de Rosa” pela delicadeza e a “Rosa Menina” pela mimosidade. Na poda, porque as pessoas pediam, os galhos eram sempre guardados para fazer muda.
Ao lado das rosas atracava-se ao muro a planta que achávamos a mais curiosa: a “Meia Noite”. Crescia pelas laterais parecendo da família dos cactos e dela desabrochava uma linda e grande flor branca, mas como justificava o nome, à meia noite.
Entre as janelas do quarto de meus pais e as da sala ficava um jardim cimentado com um círculo no meio e complementos geométricos nos lados.


Aninna Sarno com netos e sobrinhos.
Ali ficavam as “Gérberas” e eventualmente alguma outra planta. Ao lado, trepando por um pequeno caramanchão, o encanto olfativo do nosso jardim: o “Estefanote”, ou “Jasmim de Madagascar”. Brancas e pequeninas, as florzinhas exalavam um perfume inigualável. Não por acaso o seu nome de origem grega – “stephanotis” – significa “próprio para fazer coroas”. Em 1955 no casamento de Ada, minha irmã, elas foram usadas para o “bouquet” da noiva. (foto)
Parasitária do pé de laranja-flor vegetava delicadamente uma orquídea cujas flores nos encantavam. Meu pai tinha por ela um cuidado e admiração especial, fazendo questão de mostrar a todas as visitas.
Em seguida, alinhados em caixotes de madeira trazidos da loja estavam os cravos de várias cores ,que meu pai cuidava com conhecimento e gosto. Meio dia, ao chegar da loja ele ainda encontrava tempo para ir, de chapéu, suspensórios e manga de camisa dar uma olhadinha nos cravos: uma amarradinha aqui, uma folha estragada ali e já estava na hora do almoço. E Dona Aninna, com a macarronada na mesa, não gostava de chamar duas vezes.
Mas ela também tinha a sua preferência: eram os “Copos de Leite”, de densa folhagem verde e belíssimos envelopes brancos com uma haste amarela no interior. Havia um canteiro grande só para eles e, como veremos, tinham uma destinação sagrada. Ao lado deste canteiro estavam as palmeiras ornamentais, baixas e o “Bambu Chinês” ao qual eu tinha predileção, pela sua beleza e leveza.
Por todo lado havia plantas e flores. Dentre estas lembro de um enorme “Cróton” que não resistiu ao olhar do Padre Honorato e murchou. Todas as flores bonitas que ele via dizia: “-Mande para a minha igreja”. E as pessoas receavam que elas murchassem.
Havia ainda “Sorriso de Helena”, “Violetas”, o “Hibisco” ou “Graxa de Soldado”, as “Palma de Santa Rita” -também destinada a rituais sagrados- as “Hortênsias”, as “Margaridas”, os “Gerânios”, as “Samambaias”, os “Alfinetes” ou “Aspargo Ornamental”, a “Sete Léguas”, trepadeira de flores cor rosa-claro, abundante na região, as “Avencas”, que requeriam especial cuidado, os “Antúrios”, o “Amor-Agarradinho”, a “Begônia Imperial” e as plebéias, o “Caládio”, a “Boa Noite”, pequeninas e prolíferas, o “Coléu”, as “Dálias”, e as delicadas “Angélicas”.
Para molhar este mundo multicolor havia um grande tonel revestido internamente de cimento, onde era colocada a água trazida do açude pelos “camaradas”, como eram chamados os aguadeiros. Para maior comodidade foi construída uma cisterna no quintal de baixo. A água era salobra mas servia para molhar as plantas. Com a chegada da água encanada e a construção de tanques elevados usávamos a mangueira, que tinha um esguicho regulável na ponta. Tínhamos aprendido que nunca se molhava planta com o sol quente. No final da tarde, para cada tipo de planta dávamos o esguicho apropriado. Quando era uma planta delicada a água saia como uma nuvem úmida e os raios de sol brincavam de arco-íris nas suas gotículas flutuantes. Nestes momentos mágicos, se das folhagens surgissem gnomos e duendes, nossa imaginação absorveria isso como um fato comum.
( Elisa Maria Sangiovanni e a gérbera)
Neste mundo de plantas e flores, algumas eram mais destacadas pela utilidade ou pelo inusitado. Na casa de tio Valentim, por exemplo, crescia uma grande flor chamada “Trombeta de Anjo” que nas nossas brincadeiras usávamos para assoprar e estourar, como se faz com sacos de papel. De uma planta tipo “Orelha de Gato” tirávamos uma folha que era pregada na parede e ali ela se desenvolvia, gerando novas folhas. Da parreira de uva e do pé de mamão usávamos as folhas como molde, recobrindo de cimento e, quando secas pintávamos de verde. Um arame era encaixado no cimento, para poder pendurá-las na parede, como decoração. Uma outra folha, toda cinza, de uma planta tipo “Cinerária”, era colocada dentro de um livro para que ficasse ressecada e dura. No período das brincadeiras químicas tentamos fazer perfumes e tintas com as rosas, mas foi um fracasso total.
Mas as flores nativas não eram desprezadas. Os lindos cachos de flores amarelas do “Canjuão” eram usados nas “corbeilles” que enfeitavam os eventos profanos no Clube Social União das Classes, quando, por exemplo, Aurora Sarno e outras senhorinhas locais organizaram desfiles de trajes típicos italianos, vindos de Salvador por empréstimo da família Galeffi.
(Noemia e Maria Teresa Sarno-traje típico)
O dia de glória, para aquelas modestas flores dos jardins domésticos, era quando cumpriam a importante e sagrada missão de enfeitar os andores e o altar.
A decoração era feita pelas mãos de senhoras e senhorinhas de Poções - Maria Teresa Schettini, Ida Benedictis, Josepina Sarno, Anna Maria Sangiovanni, Araci Schettini, Mavione Fagundes, Zina Paradela, Celeste Pinto, Laurita Amaral e mais uma quantidade imensa de voluntárias zelosas.
Os andores do Divino, de N.S. de Fátima, de Santo Antonio, São José , São Geraldo e São Roque, eram carregadas nos ombros de cidadãos católicos como João Lago, Fernando Schettini, Irineu Sarno, Valentim Sarno, Corinto Sarno, Américo Libonati e outros, devotamente vestidos de impecáveis paletós de linho branco.



(1)Valentim Sarno, Corinto Sarno e Américo Libonati- Geraldo Sarno com o turíbulo.

(2) João Lago e Fernando Schettini

De todas as flores só uma minha mãe não gostava. Era o “Cravo de Defunto”, de tons escuros e violáceos. Era até compreensível, pelo presságio que trazia no nome. Mas, como bom jardineiro, meu pai não tinha preconceito nem superstição e a incluía entre as suas protegidas.
E toda semana a velha Marcolina, de rosto enrugado pela idade, passava lá em casa para um dedo de prosa, tomar um cafezinho, ganhar alguns mantimentos e retalhos de pano, com os quais fazia as suas flores artesanais. Eram flores bonitinhas, bem feitas, mas, para nós, acostumados a conviver com a exuberância da natureza, ali mesmo na nossa casa, nada poderia imitá-la.
(1) Usava-se uma bucha com areia bem fina, que era encontrada perto de um poço antes do açude velho. Servia tanto para as panelas de alumínio como de barro. Dizia-se “ariar”.

Eduardo Sarno
Setembro.98

13 setembro 2009

As Frutas

Quando, em Poções, eu ia ajudar meu primo Fernando a colher limas, no quintal da casa de tio Luis, as instruções eram precisas e detalhadas: tinha que cortar pelo talo, para que as limas se conservassem mais tempo e depositar na cesta com cuidado, sem nunca jogar, para não amassar e amargar. No meio da quente manhã estávamos liberados para chupar quantas limas quiséssemos. Era um prazer para os olhos e para o paladar ver e degustar aqueles gomos simétricos e suculentos exalando um odor convidativo.

José e Luis Fidelis Sarno

O quintal da casa de tio Luis era, como todos os quintais dos outros tios, uma bela mistura de flores e frutas. Ele, com seus dedos curtos e voz grossa falava carinhosamente das experiências com maçãs, pêras, ameixas e novos tipos de uvas que ele estava sempre tentando fazer vingar.
Situados entre a tórrida Jequié e a fria Vitória da Conquista, os italianos em Poções, por cultura e teimosia sempre tentavam fazer florescer algumas frutas de clima temperado. Houve mesmo uma experiência em um sítio, perto da Rodovia Rio-Bahia, que chamávamos de Casa Branca, onde meu pai tentou iniciar uma plantação de uva, associado com Gringo Lamêgo e Miguel Lopes. Como se dizia na época, “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Acho que as formigas, seguindo o refrão, começaram acabando com as parreiras da Casa Branca. Assim, as uvas continuaram restritas aos quintais dos “gringos”, como éramos chamados, sem ressentimentos, pela população local.
Mas a batalha contra as saúvas não terminara. Por vezes, quando vínhamos à noite do Cine Teatro Santo Antonio , meu pai, ao ver uma fila de saúvas pedia-me para ir buscar a lanterna e seguíamos meticulosamente a trajetória das inimigas. No dia seguinte voltávamos com os armamentos adequados e tentávamos aniquilá-las pulverizando “pó de broca”. Nos quintais a defesa natural contra saúvas e outros insetos eram as galinhas que, automáticamente bicavam todos os seres perniciosos e minúsculos que aparecessem.

Angelina Grisi Sarno - Aninna Sarno e crianças

Podar e enxertar eram duas atividades que meu pai se dedicava com especial interesse. Os habitantes de Poções já não estranhavam quando Corinto Sarno aparecia na Rua da Itália de suspensórios, mangas curtas e capacete colonial, com uma foice pequena e gorducha nas mãos. Eu conduzia uma vara, na ponta da qual havia uma espécie de tesoura que era acionada por um cordão que vinha até em baixo. E lá íamos nós podando as árvores de ficus, que embelezavam a nossa rua. Na época em que apareceu um pequeno inseto perturbador, por isso logo apelidado de “lacerdinha” em alusão ao governador Carlos Lacerda, a poda foi mais rigorosa.

Aninna Sarno e Lelinha Pithon

Os enxertos eram feitos principalmente nas parreiras e nos cítricos. Tínhamos um pé de laranja que produzia simultâneamente laranja pêra e de umbigo. Para fazer os entalhes meu pai usava um canivete “Corneta”, inseparável e amoladíssimo. Depois de encaixados, os entalhes eram revestidos com barro, seguros por um retalho de pano e amarrados com caroá, um barbante macio feito de sisal. As mudas enxertadas ficavam em uma espécie de berçário, junto ao pé de abacate e meu pai cuidava delas com carinho e orgulho. Ali ficavam também as mudas de parreiras e mangas que ele preparava para dar de presente.
Na época da poda da parreira, ele separava meticulosamente com a pequena foice as partes que se prestavam para fazer muda. E o serviço era completo. Além de aguardar que as mudas pegassem, ele ia levar e plantar na casa do “freguês”, que era como gostava de se referir às pessoas em geral. Depois de crescidas ele orientava como pulverizar com enxofre, na época adequada e como fazer a poda. Vitalino, um empregado do armazém da firma V.Sarno & Irmãos chegou a produzir em seu quintal uvas suficientes para vender.

Parreira da casa de Corinto Sarno

As uvas eram um capítulo especial. Tinha da roxa, da branca – moscatel - e uma pequena doce que só tio Luis tinha. De todas, as nossas eram reconhecidamente as melhores, talvez pela proximidade da parreira com a casa, o que levava meu pai a ter um cuidado quase diário com ela. A moscatel ficava entre a copa e nossos quartos, em um jardim interno, e ela parecia retribuir a proximidade, tal a beleza e delícia das uvas. Talvez daí a simbiose que se estabeleceu entre meu pai e as árvores. Quando ele adoeceu elas também foram definhando e todos comentavam que sem “seu” Corinto as frutas não eram como antes. Ele sempre nos recomendava : tire um cacho mas não tire uma uva, pois sabia que uma uva tirada atraia insetos, prejudicando as outras uvas. Seguindo a recomendação, subíamos no tanque e nos deliciávamos com as uvas. Até na loja da Casa Sarno, que tinha um minúsculo quintal, florescia uma parreira e um pé de figo ainda viventes.

Camilo Sarno

Era uma obra de arte ver Corinto Sarno descascando e comendo uma manga. Para começar não era uma manga qualquer. Era uma manga Augusta, cujo caroço ele havia recebido do irmão Vicente. E ele cuidadosamente plantou não no quintal mas no jardim, ficando em frente à janela do seu quarto. Na verdade o irmão havia enviado uma caixa de mangas, mas como demoraram a chegar só restaram os caroços das mangas estragadas.
Era uma mangueira frondosa e afamada. Os sobrinhos e amigos procuravam sempre identificar a procedência da manga quando ganhavam uma, e a Augusta era a mais disputada. Grandes, bonitas, de cor e odor sem igual eram sempre colhidas com o corrupixel. Esta palavra estranha que deriva do francês “clocher”: sino, deu nome à vara com o saquinho em forma de sino, amarrado na sua extremidade.
Era diante de semelhante fruta que Corinto, de faca e garfo descascava jeitosamente e degustava aquela polpa quase sem fibras. Era o prêmio pelo cuidado que ele havia tido com a árvore. O caroço ele não chupava, era disputado pelas minhas irmãs, que o deixavam careca.

Aninna Sarno e Garibaldo Santana

Sempre que tinha alguém viajando para Salvador, de ônibus ou carro próprio, tio Luis perguntava se podia levar um “pacotino” com frutas para algum tio, sobrinho ou amigo. Este era o nome genérico que ele usava para qualquer tamanho de pacote e por vezes nos surpreendia com “pacotões” que sabíamos não poder demorar de entregar, por se tratar de frutas! Como já estávamos acostumados, e reconhecíamos a sua boa vontade de arrumar as frutas cuidadosamente com cavaco da marcenaria de Giovanni Sola, quase sempre o “pacotino” ("pacchettino") chegava ao seu destino. O “quase” fica por conta de um pecado cometido por m Pepone eu e Heraldo Curvelo: ao invés de levar o “pacotino” resolvemos, por pura molequeira, devorar o conteúdo...

Léa Sarno e Cristina

Todos nós respeitávamos as frutas. Mesmo os marmelos e laranjas que vinham da fazenda, trazidas por tio Luis na camionete, dentro de grandes panacuns de cipó, chegavam sem nenhum machucado e eram guardados em largas prateleiras nas despensas.
Mas, um dia, um grande pecado foi cometido pela nossa turma. Uma tarde, estando no quintal de tio Emílio, achamos por mal badocar os abacates da casa de José Schettini. Os abacates ainda estavam verdes, mas os longos talos em evidencia ensejaram uma disputa para ver quem derrubava mais. No final da tarde um triste Schettini levou um cesto de abacates abatidos e incriminadores para o escritório de meu pai.
Havia um pé de laranja flor – ou laranja lima, como também se diz – perto da copa, onde fazíamos as refeições, que de tão bonitas as laranjas eram por nós, primeiro admiradas e depois consumidas, nas frias noites de junho.
Além das frutas nobres, de primeira linha, como as uvas e mangas, havia as outras, não menos cuidadas e apreciadas. O figo era uma delas, nas variedades pretas e verdes, não se sabendo nunca qual o mais doce e saboroso. Nessa pesquisa, os passarinhos também participavam com afinco. Vai daí certa tolerância que meu pai tinha com os badoques que usávamos. Por vezes meu pai chegava a envolver alguns figos em saquinhos de pano para protegê-los da ação dos assanhaços. (Foto- Ada Sarno)
O abacateiro quando estava carregado, parecia uma árvore de natal tropical, e das folhas secas minha mãe fazia um chá delicioso. O pé de tamarindo nos dava frutas que, mesmo doce nos provocava caretas. As pinhas disputavam com as graviolas quem daria a polpa mais gostosa. No pé de romã, quando elas se abriam já podíamos antever o gosto azedinho de seus bagos. O jambo – aquele pequeno amarelo – já antecipava pelas suas belas flores o gosto adocicado que teria o fruto. O pé de vinagreira, com suas ramagens enormes que chagava a nos esconder e onde nunca éramos capazes de achar todas as suas frutinhas negras e maduras. Havia também um alto e belo coqueiro, no fundo do quintal e até fruta de palma ao lado da qual florescia um pé de marmelo. Dos cítricos tínhamos a lima, a laranja pêra, flor e de umbigo e o limão. O mamão havia o macho e fêmea, o que nos deixava intrigados. Como o mamão não era saboroso a sabedoria do meu pai e a esperteza de minha mãe inventaram o mamão com laranja e açúcar, uma delícia. Apesar das tentativas, os italianos não conseguiram produzir maçã e pêra. O sucesso só ocorreu com o pêssego. Quanto ao maracujá, apesar de se consumir o fruto, a flor era a mais admirada.
Quando tínhamos alguma doença prolongada, como sarampo ou catapora, meu pai encomendava de Salvador, pelos viajantes, maças e peras importadas da Argentina. Era a sua forma de nos fazer um mimo, de demonstrar o quanto éramos importantes para ele.
Também vinha, nessa ocasião a gasosa da Fratelli Vita. Estar doente, para nós, tinha os seus sabores especiais de frutas.

Eduardo Sarno
Setembro.1998

31 agosto 2009

Os Livros

Na nossa casa em Poções, no canto da sala de jantar, havia um pequeno móvel sobre o qual ficava o grande rádio Phillips de válvulas. Embaixo do rádio, em uma prateleira, alinhavam-se os livros que estavam sendo lidos. Lembro que dois livros ali permaneceram por muito tempo, e sempre citados por meu pai. Um era sobre a trajetória de Jânio Quadros, a quem ele admirava, acreditando que a vassoura janista iria varrer a sujeira do país. O outro era “E a Luz se fêz – o romance da astronomia”, de Rudolf Thiel. Meu pai citava os dados e informações dos livros com um entusiasmo contagiante.
Os outros livros e coleções da casa eram guardados no “quarto de Santo”, assim chamado porque abrigava o nicho com as imagens da nossa devoção, capitaneadas pelo Menino Jesus.
Ficavam em uma estante aberta, de madeira preta torneada. A maior era a “Coleção Saraiva”, do nome do fundador da editora. Estes livros tinham sempre uma tarja amarela na capa, que os identificavam facilmente.
Os títulos eram os mais diversos, tanto da literatura nacional como estrangeira. Os desenhos da capa eram impressionantes. Havia um em que enormes ratos invadiam a cidade e aquela imagem fantástica sempre me perseguiu. Era o romance “O Alimento dos Deuses”, de H.G. Wells.(foto)

Só as capas eram ilustradas, mas elas tinham o poder de criar em nossas mentes uma imagem e uma configuração das cenas e personagens que nos acompanhavam pela vida afora.
O livro “Viagem à Aurora do Mundo”, de Érico Veríssimo, narrando o mundo na época dos dinossauros me impressionou vivamente. Eu passei a conceber a história como antes, durante e depois dos dinossauros.
A “Biblioteca das Moças” só tinha por leitoras minhas irmãs. Eram romances "água com açúcar", que se limitavam aos envolvimentos afetivos e emocionais num rápido contexto social.
Recebiam de nossa parte uma eventual folheada a revista “Alterosa”, editada em Minas Gerais ,que tratava de variedades femininas , assim como a “Vida Doméstica”. Só muito raramente também líamos “Grande Hotel” e mais tarde “Capricho”, que eram revistas de foto-novelas. Nelas as histórias eram narradas em quadros fotografados e não desenhados.
Editada pela Vecchi, a revista “Grande Hotel” só trazia foto-novelas produzidas na Itália. Lembro de um desses dramas que começava com um jovem que havia fugido da prisão e conhecia a vendedora de uma loja de discos. Óbviamente a evidencia da inocência do jovem só surgia no final da trama.
A revista “Seleções do Reader’s Digest” “artigos de interesse permanente condensados em formato de livro” chegava mensalmente. A coleção já estava tão grande que havia um baú na despensa, onde eles eram colocados. Meu pai, além de ler, citava suas informações e opiniões nas suas conversas, para reforçar a credibilidade e ilustrar o assunto. Praticamente “Seleções” substituía uma enciclopédia e moldava um ponto de vista, porque eram artigos de fundo sobre todas as áreas do conhecimento humano. Nós também líamos muito e nos acostumávamos àquela redação homogênea e ao modo americano de descrever “meu tipo inesquecível” e de contar piadas, acreditando que “rir é o melhor remédio”. Durante muitos anos pratiquei alguns exercícios físicos que eram sugeridos em um artigo tipo “oito segundos de ginástica”, com bons resultados.
Em abril de 1946, no pós guerra, data em que eu nasci, a edição mensal de Seleções trazia um artigo prevendo que a Europa se organizaria como os Estados Unidos, um outro advertindo que entramos na era das microondas, outro afirmando que será lenta a industrialização da China e ainda outro sobre como aprender a conviver com os russos. As edições para a América Latina eram impressas em Cuba e até na propaganda o clima de pós guerra prevalecia : os helicópteros Sikorsky “os únicos usados durante a guerra” agora “vestem-se à paisana” e a General Motors, cuja “qualidade forjou a Vitória agora forja o Progresso !” Também os controles eletrônicos, fabricados pela Honeywell Brown para os bombardeiros, agora estavam adaptados aos aparelhos de ar condicionado. Nesta edição até Gary Cooper aparecia fazendo propaganda de lâminas de barbear...
As revistas adultas chegavam primeiro no balcão da Casa Sarno. Eram “O Cruzeiro” e “A Cigarra”. A página mais procurada era a do “Amigo da Onça”, de Péricles, publicada em ”O Cruzeiro”, e depois colecionadas por minha irmã Aurora. Estas revistas traziam as novidades do Brasil e do mundo, as reportagens mais diversas e a opinião de David Nasser. Por serem ilustradas eram um poderoso instrumento da nossa compreensão visual do mundo. Tinham um cheiro característico de papel novo que nos deixava inebriados. Era ali que víamos as primeiras moças vestidas de maiô, personagens de incipientes sonhos eróticos.
Na parte da formação religiosa, além da leitura de vidas de santos em publicações piedosas e do missal quotidiano, editado pelos beneditinos em Salvador, minha mãe era assinante de um jornalzinho chamado “Mensageiro da Fé” e eu de outro intitulado “Amigo da Infância”, ambos editados pelos frades franciscanos também em Salvador. Eu lia com prazer aqueles artigos leves e fazia todos os jogos e diversões que vinham impressos, principalmente o de localizar figuras em uma paisagem.
Uma leitura obrigatória para o rito de passagem era o Catecismo da Doutrina Cristã, que precedia a primeira comunhão.

O meu exemplar (foto) esclarecia na folha de rosto: “Guia ao Céu – para todas as classes de pessoas”, e trazia a dedicatória de minha irmã Tereza: “Eduardinho, que Jesus habite sempre no seu coraçãozinho e não se esqueça de pedir a N. Senhor pelos maninhos – Tereza e Amarílio – 28 de Maio de 1955”.
Havia um livro , “México Mártir”, que narrava o sofrimento dos cristãos mexicanos, vitimas dos comunistas, que queriam fazer a reforma agrária. Como, felizmente, a primeira leitura nem sempre é a que permanece, depois percebi que os “cristãos” na verdade eram os conservadores, os grandes proprietários rurais.
A coleção que mais nos marcou foi a de Monteiro Lobato. Os nossos exemplares eram forrados de pano e as muitas ilustrações nos deixavam uma forte convicção de realidade virtual. Os personagens e as situações nos eram familiares em muitos aspectos e o desejo de absorver todo aquele conhecimento e informações fazia com que toda a coleção fosse lida de uma assentada. Nossa casa ficava povoada de Pedrinhos e Narizinhos, supervisionados por D.Benta e Tia Anastácia.
Em geral a censura era feita por Tereza, minha irmã mais velha, que decidia e escolhia o que os outros irmãos podiam ler. Havia também uma coleção de livretos da editora Melhoramentos sobre a mitologia grega que nos levava a um universo distante e imaginário.
“A Toutinegra do Moinho”, (1) de Emilio Richebourg, era o gênero de romances preferidos de minha mãe. Ela só nos permitia a leitura fora do horário “comercial”, ou seja, antes das oito da manhã, depois do almoço e à noite, depois do jantar. Havia porém o inconveniente da luz, pois usávamos o “Aladim”, cuja claridade atraia uma multidão de insetos voadores. Depois, quando meus tios instalaram um motor próprio passamos a ter luz elétrica normal, mas só até dez horas da noite.
Havia uma revista policial chamada “X-9”, que trazia contos sobre crimes nos Estados Unidos. Na parte central havia paginas amarelas, com fotos e relatos de grandes crimes reais. Na gíria, o informante da policia, por causa desta revista, passou a ser chamado de X-9.
Antes da Segunda Guerra Mundial havia em Poções a “Associazione Italiana Dopolavoro Umberto Maddalena” (2)(foto) que funcionava onde hoje é a residência de Luís Sarno, que na época era o bibliotecário.

Os livros podiam ser tomados de empréstimo e lidos em casa. De Dante havia obviamente “La Commedia”, catalogado como número 12, e “O Príncipe”, de Macchiavelli, ofertado por Giuseppe Grisi, de número 57.(fotos)




Depois da Guerra os livros desta biblioteca não mais circularam, e em nossa casa não havia nenhum livro em italiano nem recebíamos jornais ou revistas da Itália. Só mais tarde, quando veio da Itália o último casal de parentes, Giovanni e Lina Sola foi que ele trouxe catálogos de marcenaria e ela revistas de figurinos e moda, além de livros didáticos.
Quando eu estudava no Seminário, em Amargosa, era o encarregado de uma pequena livraria que atendia aos colegas. Fazia os pedidos para São Paulo, nas editoras Vozes, Herder e recebia tudo normalmente. Certa vez avisei a meu pai que havia feito um pedido de alguns livros para mim, e que seriam entregues em Poções. Passado algum tempo recebi uma carta dele avisando que os livros haviam chegado, mas perguntando para que eu precisava de tantos livros ! Foi então que percebi que a editora havia se enganado, enviando para Poções o pedido que era para o Seminário, com mais de 100 exemplares !

Eduardo Sarno
Setembro.1998

(1) – Toutinegra é um pássaro de plumagem escura e canto ameno.
(2) - Herói da aviação italiana, falecido em 1931.

25 julho 2009

Sobrenomes Italianos na Bahia


Italianos na Festa da Befana na Casa D'Itália

Sociedade Civil "Casa D'Itália" - fundada em 25 de Janeiro de 1893

Este é o início de uma lista simples de sobrenomes italianos na Bahia, que completaremos aos poucos. Muitas lacunas serão preenchidas pelos leitores deste Blog, a quem antecipadamente agradecemos as informações e correções que certamente serão enviadas.
Uma lista mais completa comportaria a divisão mais detalhada dos sobrenomes no tempo, abrangendo o período da Colônia, Império e República. Mesmo com eventuais exceções, limitaremos nossa lista até o ano de 1960. Consideramos que a partir desta data, a vinda de italianos, principalmente de técnicos e executivos para as atividades industriais, descaracteriza a conotação histórica de imigrantes. Muitos deles vieram do sul do Brasil, onde de fato estão radicados.
Considerando o ano de 1500 como ponto de partida, é compreensível que muitas informações sejam falhas, e que nem todos os italianos se enquadrem na caracterização clássica de imigrantes. Muitos foram simplesmente viajantes de passagem pela Bahia, ou artistas e profissionais diversos que aqui estiveram temporariamente. Outros, como os Adorno, estiveram presentes desde o início da ocupação da terra Brasil até os dias de hoje. Anos atrás uma descendente Adorno teve a honra de representar a figura da índia, nas comemorações do 2 de Julho, data da libertação da Bahia do domínio português.
Esta lista também só contempla os sobrenomes, e não os indivíduos, caso contrário se tornaria um dicionário onomástico. Sendo assim, é possivel apenas estimar a quantidade de italianos que estão/estiveram na Bahia através da lista de sobrenomes.
As fontes da informação nem sempre serão indicadas. Quando a indicação da fonte facilitar a elaboração da lista então haverá uma referencia.
Muitos sobrenomes italianos atualmente indicam apenas um cidadão(a) brasileiro(a),cujos sobrenomes foram herdados de gerações passadas, sem que os descendentes tenham nem a nacionalidade nem a ligação com a cultura italiana. É, por exemplo, o caso de algumas mulheres brasileiras que ficaram viúvas e mantiveram o sobrenome italiano.
Os sobrenomes duplos serão desdobrados em dois , como por ex. " Sangiovanni Sarno" .
A indicação do local do sobrenome onde vive a familia também pode se soprepor, devido à mobilidade das famílias e dos indivíduos. Como conseqüência, podem estar radicados em várias cidades, mas serão citados provavelmente só em uma, mas em alguns casos em mais de uma cidade.
As notas de falecimento são fontes de informações permanentes que serão utilizadas, mesmo que limitadas.
A publicidade comercial também nos permite mapear os sobrenomes, assim como as listas de sócios da Casa D’ Itália e a relação de cidadãos italianos do Vice-Consulado.

A grafia dos sobrenomes merecerá certamente reparos das pessoas que os conhecem. Optamos por manter as variantes encontradas, acreditando que algumas delas são procedentes. Entendemos que as listas que usamos, por serem transcrições, comportam erros de grafia, só possiveis de correção com consulta documental ou informações pessoais.
As limitações atuais da nossa Pesquisa não vão permitir de imediato uma elucidação do significado do sobrenome nem a origem histórica e regional do mesmo na Itália.
Os sobrenomes de religiosos de ordens monásticas nem sempre poderão ser citados, pelo fato de adotarem novo nome, normalmente fazendo referencia à cidade de origem: Frei Alberto de Fontana, por exemplo. O clero secular, por manter o nome de familia, será sempre citado.
Principalmente a Lista de Residentes na Bahia comporta sobrenome de religiosos/as que pela sua condição não constituiram familia e alguns não tiveram uma evidencia social mais marcante.
Serão encontrados também alguns sobrenomes que não são tradicionalmente italianos. Eles pertencem a familias que ou viviam em fronteiras com outros paises europeus ou são simplesmente nacionais de outros paises radicados na Itália e que constituiram familia.
Por não ser nossa finalidade, não estamos em condições de atender a pedidos de informações com fins de processo de dupla cidadania. Para tal indicamos os serviços do Sr. Ari Souza.
Nesta Pesquisa, sempre que encontro alguém com sobrenome italiano faço a devida anotação e indago sobre a origem da família. Mas teve um que me surpreendeu quando perguntei por que ele tinha este sobrenome:
“- Foi por acaso” , foi a resposta que ouvi !

Eduardo Sarno
25.jul.09

Ilhéus
Adami- Albagli- Asciutti- Bathomarco- Bergamini- Betti- Bettin- Bonice- Borsari- Bove- Bracchi- Bridi- Brotto- Brugnara- Buscariolli- Carilo- Cartibandi- Chinelli- D’ Lippi- Dattoli- Delboni- Farani- Fávila- Fazzi- Ferrari- Finotti- Gavazza- Geralle- Gila- Grazziotti- Levita- Orrico- Ottoni- Paternostro- Pauletti- Peluzio- Stolze- Taraschi- Tragni- Trocoli- Venezio- Viroli- Vitorino- Vitta- Zacchio

Itabuna
Benassi – Bizzi – Briglia – Brugni – Bugarelli – Canelli – Carletto – Creazola – Davini – Delazari – Gagliano – Gallo – Gasparetto – Gavazza – Guarnieri – Magnavita – Martinelli – Mássimo – Moliterni – Mutti – Napoli – Orrico – Paternostro – Pedrazzoli – Pedrotti – Chetto – Perazzo – Pelegrini – Pittro – Plaza – Poletti – Ravazzano – Romani – Scaldaferri – Stolze – Tozzo – Vello – Vita.

Belmonte
Burlacchini – Guerrieri – Magnavita – Multari – Rocchigiani – Paternostro.

Ubaitaba
Baratella – Brugni

Una
Dall’ Orto – Milaneze – Rusciolelli – Magnavita – Saraloli – Tedesco.

Camacã
Stolze – Tedesco

Itacaré
Angioletti – Longo.

Eunápolis
Boseti – Bozi – Carli – Contelli – Creazola – Denti – Fadini – Fiorio – Garozi – Giuberti – Guazziotti – Guaitolini – Guerrieri – Giusti – Orletti – Peruzzo – Ramaciotti – Saraloli – Signoreli – Smassaro.

Camamu
Marti

Maraú
D’ Onofri

Teixeira de Freitas
Batistti – Belitardo – Bertelli – Bobbio – Cavarsani – Cazelli – Dall’ Orto – Donatti – Ferrari – Fávero – Ferregnetti – Gagno – Garuzzo – Lenzi – Magnango – Malacarne – Soprani.

Itamarajú
Otoni – Angeli – Bissoli – Burini – Dalmaschio – Favorato – Ferrari – Galavotti – Garozi – Giostri – Marchesini – Orletti – Perini – Pozzati – Rizzo – Rossoni – Rusciolelli – Sagnetto- Tedoldi.

Medeiros Neto
Ferreti

Mucuri
Gazzinelli – Ettori - Griffo

Prado
Arpini – Baseiri – Bibli – Bonomo – Carletto – Dall’ Orto
Poções
Acierno-Arléo-Blois-Capo-Carlomagno-Caselli-Chiapetta-Conte-D’Andrea-D’Antonio-D’Emilio-De Benedictis-Domarco-Ferraro-Grisi-Ianelli-Labanca-Lamboglia-Larocca-Libonati-Liguori-Lilli-Logetto-Mensitieri-Miraglia-Napoli-Orrico-Palladino-Perrone-Pesce-Riccio-Rotondano-Sangiovanni-Santis-Sarno-Savastano-Scaldaferri-Schettini-Sola-Sordi-Tommasi-Vita
Jequié
D’Andrea-Arleo

Bartilotti-Biondi

Caricchio-Cedroni-Celli-Colavolpe-Comte

Dattoli

Errico

Ferraro

Gaudenzi-Giudice-Grillo-Grisi-Guena

Innocencio

Laino-Lacrose-Lamberti-Larocca-Leone-Leto-Liguori-Limongi-Lomanto

Maimone-Marotta-Mensitieri-Michelli-Michele-Mortani

Niella

Orrico

Papaleo-Penza-Panza-Pepe-Pesce-Pignataro

Rotondano-Rusciolelli

Sarno-Savastano-Scaldaferri-Schettini-Spinelli

Tommasi-Tripodi

Alguns Comerciantes em Salvador em 1909
Albertazzi- Albiani- Alfano- Allioni- Badolato- Baggi- Ballalai-Bandochi- Bentini-
Borelli- Brandi- Buffoni- Bulaire- Camardelli- Campello- Datto- Della Cella- Domenech- Dotto- Fachinet- Fermi- Ferraro- Fittipaldi- Furiati- Gagliano- Gallo- Gatti- Gavazza- Giorgio- Guerrieri- Laureana- Leone- Lucca- Maimone- Manfredi- Marciano- Martelli- Martinelli- Mercuri- Mundi- Olivieri- Pagliese- Palagno- Palarino- Pampello- Pavese- Pepe- Perella- Perrone- Podestá- Prandoni- Prealle- Rundano- Salomoni- Scaldino- Tito- Vita


Sócios da Casa D’Itália-1996- (alguns sobrenomes podem estar com a grafia errada)

Foto: João Legal Leal - Nivaldo Andrade- Set/2002

Accorsi-Acierno-Acunzo-Adami-Addinicio-Adinolfi-Adolfo-Adorno-Adriani-Afrile-Agazzi-Agestinone-Agnese-Agostinone-Agresta-Albagli-Alberici-Albertazzi-Alberti-
AlbiAlbiani-Alefi-Alesi-Alfano-Alfarano-Allatta-Allegrini-Allegro-Allevi-Ambroso-
Amodio-Andrea-Andrei-Angeli-Angélico-Angelino-Angelone-Angioletti-Aprile-Arcaro-Arcuri-Ariani-Arleo-Armentano-Arnozo-Arpini-Arrigoni-Asciutti-Attanasto-
Attina-Augello-Avena

Bacchiocchi-Bagatin-Baggi-Bagnati-Bagnolo-Baiardi-Baldacci-Baldrati-Balestrieri-
Bandala-Bandierini-Baratella-Bárbara-Bárbaro-Barbato-Barberio-Barbi-Cinti-Barbon-
Barbuda-Bardelloni-Bargi-BarileBarletta-Barone-Bartilotti-Baseiri-Basello-Basili-
Bassani-Bassetto-Bassis-Bathomarco-Batista-Batistti-Battista-Bedodi-Belitardo-
Bellanca-Bellin-Belloni-Bellopedi-Bellucci-Belmonte-Belotti-Benassi-Benci-Bendocchi-Benedetto-Benifrei-Benito-Bennati-Beochieri-Berg-Bergamini-Bergesio-
Bertazzoni-Bertelli-Bertoli-Bertolini-Besozzi-Bestetti-Betaio-Betti-Bettin-Bianchin-
Biasotto-Bibli-Biglia-Bigretti-Bini-Binotto-Bioci-Biondi-Bisesti-Bisisti-Bissoli-Bizarri-
Bizzi-Blesso-Blois-Bloisi-Blumetti-Bobbio-Boccanera-Bolona-Bolzpauser-Bona-Bonafine-Bonanno-Bonelli-Bonetta-Bongo-Bonice-Bonnano-Bonomi-Borchi-Bori-
Bormida-Bornia-Borri-Borro-Borsari-Bosca-Boscaini-Boscano-Bosco-Boscolo-Boseti-
Bottazzi-Botticelli-Bove-Bozi-Bracchi-Braccianti-Brachi-Brancaccio-Brandi-Brasio-Brentan-Bresciani-Bridi-Briglia-Brioschi-Brotto-Brugnara-Brugni-Brunetti-Bruno-Brusati-Brusoni-Buffoni-Bugarelli-Buonavita-BurgosBurini-Burioli-Burlacchini-Buscariolli-Buscema-Busseni-Buzzi

Cabiddo-Cabrini-Caccilleri-Caddia-Cadena-Caffarello-Calavancia-Caldana-Caldera-
Calderazzo-Calderoni-Calobrazzo-Calogero-Camardelli-Cameli-Camella-Camellimi-
Camolese-Camolesi-Campana-Campello-Campione-Campione in Augello-Camuso-
Canale-Canavesto-Cancella-Cancelli-Canella-Canelli-Caneva-Caniatti-Canônico-Canossi-Canton-Capellini-Capeni-Capicchio-Capizzi-Capo-Capone-Caponi -Cappelli-
Cappilli-Caprara-Caprioli-Caputo-Caracciolo-Caradonna-Caranoete-Caravaglia-Carazza-Carella-Careoni-Caretto-Carichio-Carilo-Carletto-Carli-Carlini-Carloni-
Caroni-Caroso-Caroti-Carozzo-Carrascosa-Carretti-Carrozzo-Cartibani-Caruti-Casadei-
Casali-Caselli-Cassara-Castagna-Castelluccio-Castraghi-Catapano-Cavalcanti-Cavaliere-Cavalluoi-Cavarsani-Cavazzana-Cavazzi-Cavazzoli-Cazelli-Ceci-Cella-
Cerbone-Cerioli-Cerliani-Cermenati-Cersosimo-Cerutti-Cesarino-Cesaroni-Cestonaro-
Cetraro-Cetto-Chetto-Chezi-Chezzi-Chiacchiaretta-Chiacchio-Chiachiaretta-Chiapetta-
Chiardlanza-Chiarella-Chiari-Chiaudrero-Chinelli-Chinês-Chiodi-Chirardello-Ciaparone-Cilsseppe-Cimarosa-Cimarossa-Cinque-Cinti-Ciriello-Ciuliano-Clélia-Coco-
Coentro-Cognigni-Colacone-Colangeli-Colavolpe-Colombo-Colonelli-Colonnelli-Colvolpe-Confalonieri-Coni-Consiglio-Consoli-Consonni-Constantine-Constantini-Constantino-Conte-Contelli-Conti-Conversano-Corongio-Corpetino-Corsi-Corso-Cortassa-Cosenza-Cossali-Costa-Costanzo-Cova-Cravotta-Creazola-Cremonese-Crisi-
Croce-Crode-Crozoe-Cunto

D’Agnese-D’Agostinho-D’Andrea-D’Andreamatte-D’Andreamatteo-D’Angelo-D’Antonio-D’Emidio-D’Onofrio-Da Rin-Dal Colle-Dall’Orto-Dalmaschio-Damico-
Dangelo-Daniel-Dante-Dantuani-Darbin-Dattoli-Davini-Davoli-De Beneditis-De Candia-De Carli-De Chirico-De Donato-De Filippo-De Gennaro-De Leo-De Luca-De Mantini-De Nardi-De Piero-De San Luca-De Vecchi-Del Fávero-Del Greco-Del Maffeo-Delazari-Delboni-Della Cella-Della Libera-Della Piazza-Dello Vicario-Demidio-Demilio-Deminco-Denti-Deotto-Derno-Di Carlo-Di Credico-Di Domisio-Di Domizio-Di Donato-Di Febo-Di Filippo-Di Giantomasso-Di Giovanni-Di Girolamo-
Di Gregório-Di Grigorio-Di Lábio-Di Lauro-Di Médio-Di Nuzzo-Di Paolo-Di Paula-
Di Pietro-Di Rocco-Di Salvo-Di Sano-Di Santo-Di Siervi-Di Tomasso-Di Túlio-Di Villarosa-Di Vincenzo-Diaz-Dlippi-Dodi-Dolazza-Domarco-Dominici-Donatti-Donini-Donofre-Donofria-Dorea-Dori-Doria-Dorigatti-Dorma-Dormundo-Dotto-Duílio-Durin-
Durrone

Eduardo-Erasmo-Erbetta-Eressan-Ermete-Errico-Escorcio-Ettore-Eusseni

Faccenda-Facchinetti-Facchini-Fadini-Faenza-Fanelli-Fanti-Fantinati-Fantini-
Fantoni-Farani-Faraoni-Fardola-Farrelli-Fasani-Fasano-Fasciolo-Fasolo-Fausto-
Fávero-Favila-Favorato-Fazi-Fazzi-Felice-Feliziani-Feloni-Feprapi-Fera-Ferfaro-
Ferracuti-Ferranti-Ferrarese-Ferrari-Ferraro-Ferreccio-Ferregnetti-Ferrero-Ferreti-
Ferri-Ferrini-Fezzolato-Fiaccone-Fiarto-Fiaschi-Figliolo-Figliulo-Figliuolo-Filimberto-
Finotti-Fioravanti-Fiore-Fiorentino-Fiorio-Firnekaes-Fiúza-Flopidia-Floricia-Floridia-
Foa-Follis-Fontana-Forastieri-Forastilro-Formigli-Forte-Fracassi-Fragiacomo-Franca-
Francesca-Franceschini-Francesco-Franchi-Franchini-Franci-Franco-Franod-Frederico-
Frignani-Frisotti-Fumagalli-Fusco-Fusi

Gabrielli-Gafofani-Gagliano-Galavotti-Galeffi-Galeppi-Galerri-Galigard-Gallo-Galori-
Gambuza-Gana-Gantil-Gaoliardi-Garboggini-Gardiani-Gargiulio-Garozi-Garuzzo-Gasbarre-Gasearre-Gasparetto-Gasparini-Gasperis-Gatto-Gaudenzi-Gavazza-Gavazzi-
Gazineo-Gazzitano-Gentil-Geralle-Gerbasi-Geremano-Germano-Gervasoni-Ghirelli-
Giacopuzzi-Giamarino-Giammarino-Gianandrea-Giancarlo-Giancaterino-Giannandrea-
Giannini-Giansante-Giarrosso-Giarrusso-Gigante-Gila-Giogetti-Giordano-Giostri-Girolamo-Giuberti-Giudice-Giugliano-Giuntini-Giusti-Giustini-Giusto-Giva-Gobato-
Golinelli-Gostisa-Govoni-Granchelli-Grandio-Granopelli-Grassi-Grasso-Grazia-Graziano-Grazioli-Grazzinelli-Grazziotti-Grela-Griffo-Griletto-Grilis-Grillo-Grimaldi-
Grisi-Grosso-Grossole-Gruggianesi-Guaitolini-Guardiani-Guarnieri-Guazziotti-Guena-
Guerra-Guerrieri-GuglielmiGuida-Guidice-Guidoni-Guilici-Guntern

Hercog-

Iacomo-Iacono-Iacopo-Iacoviello-Iacuitti-Iafullo-Ianelli-Iannaccone-Ibba-Idi-Iervese-
Iervesi-Ílio-Imperatore-Imperiali-In Conti-In NobileInaugello-Indelicato-Innocenti-
Isabella-Isnenghi-Isnenght

Justin

La Macchia-La Nacchia-Labanca-Labate-Laccapini-Laccese-Ladeia-Lamberti-Lamberto-Lambertto-Lamboglia-Laner-Lanteri-Lanza-Larocca-Latella-Lauria-Lauricella-Lavagna-Laveto-Lazzari-Lazzarima-Lazzaro-Lazzarotto-Leccese-Lena-
Lengo-Lenti-Lenzi-Leone-Leonelli-Leto-Levita-Libonati-Lichthart-Liguori-Lilli-
Limonci-Limongi-Lino-Lintner-Lirio-Lisoi-Lo Bianco-Lobatto-Locatelli-Logetto-
Loiodice-Lomanto-Lombaglia-Longo-Longobardo-Lops-Lorenzet-Loria-Losapio-
Lovari-Lucchetta-Luccmeta-Lucena-Lucenti-Luna-Lusiardo

Maccarinelli-Macobaldo-Maddaloni-Mafezzoli-Maffei-Maggi-Maggitti-Magistrini-
Magnango-Magnavita-Magno-Maimone-Majerna-Malacarne-Malafaia-Malandra-Malanora-Maltese-Mammarella-Mancinelli-Mandarino-Mane-Manera-Manichilli-
Manisco-Mantiero-Maragon-Marangoni-Marano-Maratinelli-Marcati-Marcelletti-
Marcheggiani-Marchelli-Marchesini-Marchetti-Marchi-Marchionna-Marchionni-
Marconi-Marenco-Margherita-Mariani-Marighela-Marimpietri-Marimpietro-Marin-
Marini-Mariucci-Marnaglio-Marotta-Marsala-Marti-Martinelli-Martini-Martuscelli-
Mascheroni-Mascitelli-MasieroMassari-Massimo-Mastrillo-Mastrolorenz-Mateuzzi-
Matta-MatteoniMazza-Mazzafera-Mazzillo-Mazzochetti-Mazzoni-Mazzuccato-Mazzulo-Médici-Meloni-Menegali-Menilo-Menon-Mensitieri-Merafina-Mercuri-Mertola-Mertole-Meruzzi-Mianulli-Micari-Miceli-Michelini-Micucci-Miglio-Milaneze-
Mira-Miraglia-Mirarchi-Misi-Mitidieri-Mizzon-Mocoelin-Modafferi-Molinari-Moliterni-Mollicone-Moncardini-Monforte-Monnet-Montgomery-Montironi-Mora-Morelli-Moretta-Moretti-Morlini-Morlini-Moro-Moroni-Morosini-Mosca-Moscato-
Mularia-Multari-Muraro-Musa-Musse-Mutti

Nadin-Naldi-Nano-Nanu-Napoli-Narcisi-Nardone-Natale-Nattalia-Nenon-Néri-Nese-
Nesse-Nigro-Nizza-Nobile-Nofri-Nortabartolo-Novaro-Nuti-Nuzzo

Ocopiali-Oliva-Olivieri-Oltolina-Onnis-Orazio-Orlando-Orletti-Orrico-Ortenzi-Osanio-
Otoni-Ottaviani-Ottoni-Ottorino

Paccolini-Pace-Pagani-Paganini-Pagliello-Palladino-Palmarel-Palmarella-Palmina-Palmiro-Palmo-Palumbo-Panario-Pancetti-Panella-Paoletti-Papaleo-Papaterra-
Paral-Paral-Parla-Parrino-Parvi-Pasini-Pasqua-Pasquali-Pasquariello-Pasquili-
Pasquini-Pasquini-Paternostro-Patriarca-Pauletti-Pavanello-Pavia-Pederbelli-Pedrazzoli-Pedrebelli-Pedrotti-Peducci-Pegna-Pelagatti-Pelegrini-Pellegrino-Pellizoni-
Pellizzaro-Pellizzoni-Pelonzi-Pelosi-Pelusi-Peluzio-Penasa-Pepe-Perani-Perazzo-Percher-Perego-Pergentino-Perini-Perlini-Perrone-Pérsico-Pertrini-Peruzzo-Pesce-
Pesenti-Pessina-Petaccia-Pettaccia-Peverati-Pezzano-Pia-Piazza-Piccolin-Pieiro-
Pieracciani-Pina-Pinelli-Pintonello-Pirruccio-Pisani-Pisanu-Piserchia-Pissarro-Pitta-Pittari-Pittro-Piumatti-Piva-Pivetta-Planta-Plaza-Podesta-Pogetti-Poletti-Pollisceni-
Polverino-Pomaro-Pompelin-Porcari-Porciuncola-Porro-Pozzatti-Pozzerle-Pradella-Praun-Prearo-Previtera-Primavera-Primo-Príncipe-Puccio-Pugliesi-Puonzo-Purlini

Quagliarotti-Queirolo-Quintas-Quinto

Rabbiosi-Racca-Racobaldo-Ragno-Ramaciotti-Ramoni-Ranaudo-Raonaldi-Rapone-Rarendega-Rartini-Rastelli-Ravazzano-Rebonato-Reco-Regina-Reiwald-Remondi-Reno-Retavoza-Retondaro-Rialto-Ricci-Riccio-Ricrentino-Rigattieri-Rignanese-Rigo-
Rizzarde-Rizzari-Rizzo-Rizzuto-Rnaudo-Robatto-Rocca-Rocce-Rocchigiani-Roccobaldo-Rogondino-Romanelli-Romani-Romano-Romeo-Romici-Ronzoni-Roscio-
Rosini-Rossetti-Rossi-Rossoni-Rotondano-Rottin-Ruetolo-Rusciolelli-Ruscitti

Sabatini-Saccheito-Sagnetto-Sala-Salsi-Saltarin-Salvatore-Salvetti-Sande-Sangiovanni-Sansoni-Santa-Santache-Santanche-Santaniello-Santavenere-Santaverone-Sante-Santedicola-Santianni-Santillo-Santini-Santis-Saponaro-Saputo-Saraloli-Saralolli-Sardi-
Sarnelli-Sarno-Sarsotti-Sartori-Saturno-Saura-Savastano-Saviane-Scaclione-Scaglione-
Scaldaferri—Scalia-Scapechi-Scarafile-Scarpellino-Scatolini-Schembri-Schettini-
Schianta-Schiatiarella-Schiavo-Schinto-Schizzerotto-Sciancalepore-Sciaretta-Scopacasa-Scotti-Scozzari-Scrianta-Sensales-Seraceno-Seretto-Sergi-Serpecchia-
Serravale-Serrentino-Servioli-Sestito-Sfano-Signoreli-Silvani-Silvestri-Sinibaldo-Sironi-Sola-Sollami-Solvi-Somaschi-Soprani-Sordi-Soricelli-Sorige-Sormani-Sorrintino-Spagnuolo-Spalla-Spampinato-Spinelli-Spinola-Spinoza-Spinozzi-Sposato-
Stabile-Stefani-Stipani-Stocker-Stolze-Stride-Strippoli-Supino-Svaluto

Tacconella-Talento-Talli-Tamarri-Tambone-Tamborriello-Tamburiello-Tamburriello-
Tameone-Tameorriello-Tamiozzo-Taraschi-Tarraschi-Tasga-Tassinari-Tatavitto-Tedeschi-Tedoldi-Tenisi-Terranova-Tesan-Testa-Testagrossa-Tignonsini-Tinese-
Tinoco-Tinotti-Titioni-Tittone-Tittoni-Tomassetti-Tomassi-Tommasi-Tonetto-Toniolo-Tonucci-Torfolini-Torrasgrossa-Torre-Torresgrossa-
Torrisi-Torrogrossa-Tosatti-Toscano-Tosoratti-Tosto-Tozzo-Tragni-Trancoso-Tranzilo-
Trevisan-Trillo-Trinco-Tripodi-Trisi-Trocoli-Troiano-Trozzi-Turisco-Turrina-Turvani

Uboe-Urbani

Vacandina-Vaccareza-Vaccari-Vailati-Valdinucci-Valituti-Valsecchi-Valvassun-Vannozzi-Vanonoini-Vanzella-Varabese-Varanese-Varo-Varzula-Vassalo-Vello-
Venezio-Vento-Venturi-Verniero-Vetere-Viesi-Vilei-Villa-Villasanti-Vilsi-Vinbiguerra-Vincenzi-Vincenzo-Viroli-Visco-Visconti-Visinti-Vita-Vitari-Vitiello-
Vitorino-Vitta-Vittorio-Viviani-Volonte-Vozza

Walter-Wilfrido-Wilser

Zacchio-Zaconel-Zama-Zambello-Zamin-Zane-Zanetta-Zaniroli-Zecchini-Zeto-Zigante-
Ziglioli-Ziller-Zottoli-Zucconi-Zumerle

Sobrenomes de Italianos que residem / residiram na Bahia :

Accorsi-Acunzo-Addinicio-Adinolfi-Adolfo-Afrile-Agazzi-Agestinone-Agresta-Alberici-Alberti-Albi-Alesi-Alfarano-Alfei-Allatta-Allegrini-Allegro-Allevi-Angelino-Angelone-Aprile-Arcaro-Arcuri-Arguri-Armentano-Arrigoni-Attanasto-Attina-Augello -Argelli-Avena



Bacchiocchi-Bagatin-Bagnati-Baldacci-Baldrati-Balestrieri-Bandierini-Bárbara-Bárbaro-Barbato-Barberio-Barbon-Bargi-Barile-Basili-Bassani-Bassis-Bedodi-Bellanca-Bellin-Belloni-Bellopedi-Bellucci-Belmonte-Belotti-Benci-Benedeto-Benifei-Bennati-Beochieri-Berg-Bergesio-Bertoli-Bertolini-Bettin-Bianchin-Biglia-Bigretti-Binotto-Bioci-Biolia-Biondi-Bizzarri-Blesso-Bolzpauser-Bona-Bonafine-Bonetta-Bongo-Bonnano-Bonomi-Borchi-Bori-Bormida-
Bornia-Borri-Borro-Bosco-Boscolo-Botticelli-Bracchi-Braccianti-Branchini-Brentam-Bresciani-Bruno-Brusati-Buonavita-Burgos-Burioli-Buscaini-Buscema-Busseni-Buzzi- Barletta-Bartilotti-Bonelli-Brugno

Cabiddo-Cabrini-Caccilleri-Caddia-Caffarello-Caldana-Caldera-Calderoni-Calobrazzo-Cameli-Camellimi-Camolese-Campana-Campello-Campione in Augello-Canale-Canavesto-Cancella-
Cancelli-Caneva-Canossi-Canton-Capellini-Capeni-Capicchio-Capizzi-
Capo-Capone-Caponi-Cappilli-Caprioli-Caputo-Caranoente-Carbalho-Carella-Careoni-Caretto-Carlini-Carloni-Caronni-Caroti-Carretti-Carrozzo-Cartocci-Caruti-Casadei-Casali-Cassara-
Castagna-Castanga-Castraghi-Cataldo-Cavalancia-Cavaliere-Cavalluoi-Cavazzana-Cavazzi-Cavazzoli-Ceci-Cella-Cerbone-Cerioli-Cerliani-Cermenati-Cerutti-Cesaroni-Cestonaro-Cetraro-Cetto-Chiacchiaretta-Chiacciaretta-Chiardlanza-Chiarella-Chiari-Chiaudrero-Chinês-Chiodi-Ciaparone-Cilsseppe-Cimarossa-Cinque-Cinti-Ciulano-Classi-Clélia-Clemente-Clementi-Coco-Cognigni-Colacone-Colangeli-Colombo-Colonnelli-Confalonieri-Consiglio-Consoli-Consonni-Constantine-Constantini-Constantino-Constanzo-Conte-Contelli-Conti-Conversano-Corongio-Corpentino-Corsi-Corso-Cossali-Couraco-Cova-Cremonese-Croce-Crode-Cunto -Caricchio-
Carlomagno-Cesosino

D`Agnese-D`Andreamatteo-D`Angelo-D`Antonio-D’Agostino-D’Emidio-D’Onofri-D’Onofria-D’Onofrio-Da Rin-Dabrin-Dal Colle-Damico-Dandreamatteo-Dangelo-Daniel-Davoli-De Candia-De Carli-De Chirico-De Donato-De Gasperis-De Gennaro-De Luca-De Luca-De Mantini-De Nardi-De Paolo-De Piero-De San Luca-Del Fávero-Del Greco-Del Maffeo-Della Piazza-Dello Vicário-Demidio-Derno-Di Carlo-Di Credice-Di Credico-Di Domisio-Di Domizio-Di Febo-
Di Filippo-Di Giovanni-Di Girolamo-Di Gregório-Di Lábio-Di Lauro-Di Paolo-Di Paula-Di PietroDi Rocco-Di Sano-Di Santo Di Siervi-Di Tomaso-Di Tommaso-Di Villarosa-Diaz-Dicarlo-DiGregorio-Dolazza-Donini-Dori-Doria-Dorigatti-Dorin-Dorma-Dornina-Durrone -D’Emilio-
De Leo-Devoto-Donato

Erasmo-Eressan-Eurlanco-Eusseni

Faccenda-Facchini-Faenza-Fanco-Fanelli-Fanti-Fantinati-Fantini-Fantoni-Faraoni-Farrelli-Fasani-Fasano-Fasciolo-Fazi-Federico-Fedriga-Felice-Feliziani-Feprapi-Ferfaro-Ferracuti-Ferranti-Ferrarese-Ferrari-Ferrero-Ferri-Ferrini-Ferro-Fertrini-Fezzolato-Fiaccono-Figlilolo-Figliulo-Finotti-Fioravanti-Flopidia-Floricia-Floridia-Foa-Follis-Fontana-Forastieri-Forastilro-Forte-Fracassi-Fragiacomo-FranFermi-Figliuolo-Franco-cheschini-Franchi-Franci-Franod-Frignani-Frisotti- Fumagalli-Fusi

Gafofani-Gagliano-Galeffi-Galeppi-Galerri-Galligard-Galori-Gambuzza-Gana-Gaoliardi-Gardiani-Gasbarre-Gasearre-Gasparini-Gatto-Gaudenzi-Gaudenzio-Gazineo-Gazzitano-Gentili-Germano-Ghirelli-Giacopuzzi-Giammarino-Giancaterino-Giannandrea-Gianrusso-Giansante-Giantomasso-Giarosso-Giarusso-Gigante-Giogetti-Giordano-Giovanni-Giudice-Giugliano-Giuntini-Giusto-Giva-Golinelli-Gostisa-Govoni-Granchelli-Granopelli-Grassi-Grasso-Graziano-Gregori -Grilletto-Grimaldi-Grippo-Grosso-Grossole-Gruggianesi-Guardiani-Guerra-Guida-Guidoni-Guilici-Guntern -Grillo

Hercog

Iacono-Iacoviello-Iacuitti-Iafullo-Ibba-Idi-Iervese-Imperiali-In Conti-In Nobile-Inchingodo-Innocenti-Insenghi-Isabella-Isnenght

Justin

L’Abbate-La Nacchia-Laccapini-Lamberti-Laner-Lanteri-Lanza-Larocca-Lauria-Lauricella-Lavaona-Lazzari-Lazzarima-Lazzaro-Lazzarotto-Leccese-Lengo-Lenti-Levita-Limonci-Limongi-Lino-Lintner-Lisoi-Lo Bianco-Loiodice-Longobardo-Lops-Lorenzet-Losapio-Lovari-Lucchetta-Lucenti

Maccarinelli-Macobaldo-Maffei-Maggi-Maggitti-Magistrini-Maimone-Majerna-Malandra-Malanora-Maltese-Mammarellea-Mancinelli-Manera-Manichilli-Manisco-Mantiero-Marangon-Marangoni-Marano-Maratinelli-Marcati-Marcelletti-Marcheggiani-Marchelli-Marchetti-Marchi-Marchionna-Marchionni-Marconi-Marenco-Marianetti -Marimpietri-Marini-Mariucci-Marnaglio-Marsala-Martinelli-Martini-Martuscelli-Mascheroni-Masiero-Massari-Mastrillo-Matta-Matteuzzi-Mazza-Mazzafera-Mazzillo-Mazzochetti-Mazzoni-Médici-Meloni-Menegalli-Menon-Merafina-Meruzzi-Mianulli-Micari-Miceli-Miglio-Mirarchi-Mizzon-Mocoelin-Modafferi-Moncardini-Monnet-Montironi-Mora-Morelli-Moretta-Moretti-Morlini-Moro-Moroni-
Morosini-Mosca-Moscato-Muraro-Musa-Musse-Muzzucatto-Marigliano-Mariniello-Marotta-
Mastrolorenzo-Matteoni-Mensitieri-Mollicone-Munno

Nadin-Naldi-Nano-Nanu-Narcisi-Natale-Néri-Nesse-Niciro-Nobile-Nofri-Notarbartolo-Novaro-Nuti

Ocopiali-Oltolina-Onnis-Ortenzi

Paccolini-Pace-Paganini-Pagliello-Palladino-Palmarella-Palmina-Paoletti-Parla-Pasquali-Pasquariello-Pasquili-Pasquini-Pavanello-Pederbelli-Peducci-Pegna-Pelagatti-Pellegrino-Pellini-Pellizzaro-Pellizzoni-Pelonzi-Pelosi-Pelusi-Penasa-Pepe-Perani-Perlini-Perrone-
Pérsico-Pesenti-Pessina-Petaccia-Peverati-Pezzano-Piazza-Picci-Piccolin-Picre-Pieiro-Pieracciani-Pintonello-Pirruccio-Pisani-Pisanu-Piserchia-Pittari-Piumatti-Pivetta-Polverino-Pomaro-Pompelin-Porcari-Porro-Pozzerle-Praun-Pricnani-Primavera-Príncipe-Puccio-Puonzo-Purlini -
Palagano-Pataro-Pelegrini-Piana-Pilatti-Politano-Porciúncula-Porru-

Quagliarotti-Quinto -Quarantini

Rabbiosi-Racca-Racobaldo-Ranaudo-Raonaldi-Rartini,Reco-Reiwald-Remondi-Ribichini-Ricci-Ricrentino-Riganese-Rigattieri-Rigo-Rizzarde-Rizzuto-Rocca-Rogondino-Romanelli-Romano-Romeo-Romici-Ronzoni-Roscio-Rosini-Rossi-Rottin-Ruetolo-Rusciolelli-Ruscitti-Russo Ragone-
Romeu

Sabatini-Saccheito-Sala-Salsi-Saltarin-Salvatore-Salvetti-Santavenere-Santavenore-Sante-Santedicola-Santianni-Santini-Saponaro-Saputo-Sardi-Sarnelli-Sarsotti-Sartori-Saura-Saverio-Saviane-Scaclione-Scaglione-Scaldaferri-Scalia-Scapecchi-Scarafile-Scarpellino-Scatolini-
Schettini-Schianta-Schiatiarella-Schiavo-Schinto-Schizzerotto-Sciancalepore-Sciarretta-Scozzari-Scrianta-Scupacasa-Sensales-Seraceno-Seretto-Sergi-Serpecchia-Serrentino-Servioli-Sestito-Sfano-Silvestri-Sinibaldo-Sironi-Sola-Sollami-Solvi-Somaschi-Soricelli-Sorige-Sorrintino-Spagnuolo-Spampinato-Spinelli-Spinolli-Spinozzi-Stefani-Stipani-Stocker-Stride-Svaluto -Scaldaferri-Siriani

Tacconella-Talento-Talli-Tamarri-Tamborriello-Tamburriello-Tameoni-Tameorriello-Tamiozzo-Taraschi-Tasga-Tassinari-Tedeschi-Tenisi-Terranova-Tervase-Tesan-Testa-Tignonsini-Tinotti-Titioni-Tittone-Tomassetti-Tommasi-Tonetto-Toniolo-Tonucci-Torfolini-Torregrossa-Torrisi-Torrogrossa-Tosatti-Tositori-Tosoratti-Trevisan-Trignano-Trillo-Trinco-Trisi-Troiano-Trozzi-Turrina-Turrisi -Tosto

Uboe

Vaccari-Vailati-Valdinocci-Valitutti-Valsecchi-Valvassun-Vannozzi-Vanonoini-Vanzella-Varanese-Varo-Vassallo-Vento-Venturi-Verniero-Vetere-Viesi-Vilei-Vilsi-Vinbiguerra-Vincenzi-Visco-Visintin-Vitari-Vitiello-Vittorio-Viviani-Volonte-Vozza -Vita

Walter-Wilser

Zaconel-Zambello-Zamin-Zane-Zanetta-Zaniroli-Zecchini-Zeto-Ziglioli-Ziller-Zottoli-Zucconi-Zumerle

Sobrenomes italianos na Bahia Colonia e Império

Accioli-Adduci-Adorno-Aducci-Albertazzi-Alegro-Allioni-Ambrosi-Andreoni-Angeli-
Argolo-Armando-Arnozo

Bagnolo-Baldassari-Bandala-Barbuda-Bassetto-Bassi-Bedeschi-Benci-Berlutti-Bertucci-Betaio-Bettini-Biancucci-Bizarri-Bocanera-Boccanera-Bolona-Boscano-
Brizzi-Bruschi-Brusoni-Bruzza

Cadena-Camella-Cantarelli-Caracciolo-Carfagni-Carrena-Caterbi-Centolani-Cherubini-
Chialastri-Chirico-Codini-Codovilli-Colombari-Compagnoni-Coni-Conti-Cornacchia-
Cortesi-Crespi

Dantuani-Dei-Della Calce-Della Valle-Dentice-Devoto-Domini-Donati-Dormundo

Effren-Erani-Escorcio

Fardola-Ferrari-Ferretti-Fiarto-Fiúza-Folfi-Foschini-Francioni

Galeffi-Garneri-Gherardi-Giorgini-Giuliani-Grandio-Grela-Grilis-Gualducci

Lacerda-Lamberto-Lambertto-Landolfo-Lavetto-Litieri-Lobatto-Lombardi-Lucena

Majola-Malafaia-Mane-Manzoni-Marcciucchi-Marella-Marin-Marinarzeli-Marini-
Martoni-Masciarelli-Massa-Mazzolini-Mazzucchetti-Melandri-Menilo-Mertola-Mertole-Minelli-Mônaco-Monforte-Mongardini-Monleone-Morelli-Moriani-Morolli-
Moroni-Mularia-Musi

Nicci-Nizza-Noli

Oliva-Olivi-Origlia-Orselli

Paganelli-Parvi-Pasini-Pavia-Pazzotti-Persiani-Pianori-Piazza-Piazzoli-Pilligrini-
Pina-Pirozzoli-Pissarro-Pitta-Pogetti-Preto

Raffuzi-Raffuzzi-Rarendega-Ravajoli-Retavoza-Righini-Ronchi-Rosini-Rossi-Rossini-Rotta

Salvatori-Sande-Sanfelice-Sanmichele-Santoro-Scamabrini-Sena-Sorcelli-Spinoza-
Staderini-Stornelli-Sturbani

Terziani-Tinoco-Tommaso-Toscano-Toschi-Tribuni-Turó

Vacandina-Valicelli-Varzula-Vecchietti-Verlicchi-Villasanti-Visconti-Voltari

Zagallo-Zaganelli-Zagnoli-Zaini-Zannini-Zattoni-Zauli-Zavali

22 julho 2009

Primeiro Sarno na Bahia

Francesco Sarno (1864-1948) (foto) , também conhecido como Chico Sarno, foi o primeiro da família que veio para a Bahia, em companhia do sogro.
Depois de um percurso que começou em Manaus, veio a estabelecer-se com casa comercial em Poções, em 1896.


Foi casado com Carmela Orrico, de Trecchina. A esposa nunca veio ao Brasil. Tiveram quatro filhos, e todos estiveram no Brasil : Rosina (*1891-+1982), Matilde (*1893-+1968)), Marianinna (*1894-+1980) e Vincenzo (*1909-+1988).
Francesco Sarno era natural de Mormanno, e faleceu em Trecchina.
Ele era irmão de Fedele Sarno (*1860- +1942), que nunca veio ao Brasil, mas mandou 7 dos seus filhos : Vicente(*1893-+1975), Corinto (*1899-+1970), Luis (*1907-+1994), Valentim (*1902-+1990), Emilio(*1904-+1977), Rosina (*1911-+1973) e Camilo(*1909-+1995).
Toda a descendência Sarno na Bahia provém destes dois troncos.

Eduardo Sarno
22.jul.09

Documento curioso: arroba


Mesmo para as pessoas mais idosas não é comum terem conhecido um documento original onde se usava o símbolo @ com o significado de 15 quilos.
Nesta "Guia de Cargas", o Sr. João Liguori despachava em 1945, para V. Sarno & Irmãos, em Poções, uma carga de 29 volumes contendo 101 @ e sete quilos e meio de café "liquido". Devemos entender aqui não o café coado, mas o peso liquido do grão, sem as sacas, ou possivelmente sem os “panacuns” de couro, onde o produto era transportado.
Poções é designada na Guia como "Djalma Dutra", denominação que tinha na época, mas que posteriormente foi mudada, retornando a seu primitivo nome.
A mercadoria foi despachada de Água Vermelha, em Iguaí que naquela data não era ainda um município, mas sim um Distrito de Poções. Esta região, chamada “da Mata” possui terras consideradas extremamente férteis.

O portador tinha o nome apropriado de Maçú Tropeiro, e o gerente chamava-se Leonardo Alves Santo, que já mudou o nome do patrão para “Liquori”, num erro etílico.
A Guia de Cargas era numerada e proveniente de uma "Secção de Exportação" e o Sr. João Liguori se apresentava como "Importadores e Exportadores". O circuito da mercadoria era de Iguaí ( ou outra região limítrofe), Casa Sarno e exportadores em Salvador. Ou como indica a guia: Iguaí – Poções – Bahia, sendo que “Bahia” era a denominação genérica de Salvador, a capital.
Este documento é um testemunho da organização comercial que os italianos tinham na região e do relacionamento entre eles. Esta forma de associação ou parceria comercial entre italianos permitia que tivessem representantes a baixo custo em diversas cidades, priorizando o roteiro interior-capital.
Eduardo Sarno
21.07.09

21 julho 2009

V. Sarno & Irmãos

V. Sarno & Irmãos
Na frente: Corinto, Valentim e Camilo Sarno, o Sr. Nogueira e um funcionário.
A firma era de Vicente Sarno, que tinha os irmãos como sócios e este foi um dos locais na cidade em que tiveram a loja.
O jacaré que está no cartaz não é do Lacoste , é o do famoso "Kerosene" da Esso.
Na época não havia posto de combustível, a gasolina era vendida em latas.
Este sobrado era a casa comercial mais vistosa de Poções.