Francesco D’Andrea, em 1860 ,conhecido como “O Brasileiro”; Biaggio Galizia, em 1863; Giovanni Rotondano, em 1866; Giuseppe Rotondano, em 1868 e Giuseppe Niella, em 1869.
Os dois últimos tiveram a iniciativa de abrir um pequeno negócio em uma encruzilhada de estradas de mulas, nas proximidades do Rio de Contas. O comércio logo prosperou e em torno dele se multiplicaram as casas e as bodegas, terminando por formar, no curso dos anos, uma florescente cidade de negócios – Jequié, que se tornou sede de uma vasta colônia de trequineses, os quais se sucederam de pai para filho, de irmão para irmão, de conterrâneo a conterrâneo, nos negócios e no comércio,
A vinda de Ângelo Grisi e Carmine Marotta para trabalhar na firma Niella & Rotondano garantiu a continuidade de um intenso trabalho, comercial e social, principalmente quando se tornaram sócios em 1889.
Neste mesmo ano, chegava a Jequié o pai do futuro governador do Estado da Bahia, Antonio Lomanto Júnior. Recebido por Grisi e Marotta, Lomanto estabeleceu residência em Jequié, casando-se com Teresa Orrico Rotondano.
Toda esta saga de lances históricos e heróicos é contada em detalhes pelo neto homônimo Carmine Marotta, em seu livro: “Casa Confiança (Trecchina- Jequié , uma ponte de recordações sobre o oceano)”
Em 1947, Schettini, refere-se ao comércio em Jequié como “de certa importância”, expressão modesta para retratar o que era, naquele ano, a fazenda Provisão, de Grillo, Marotta & Cia. Apelidada como “Suíça da Bahia”. A fazenda tinha uma cascata, com planos para ser aproveitada como produtora de energia, fábrica de gelo, estrada e linha telefônica direta para Jequié e as Matas. Como criadores, tinham animais premiados em várias exposições, todos das melhores raças: do garrote Indubrasil aos reprodutores Mangalarga e Sublime, dos carneiros Bergamasco e Merino, às galinhas Leghorn.
Além de serem representantes de sete bancos nacionais e estrangeiros e de diversas casas comerciais, também exportavam cacau, café, fumo, algodão, mamona e angelim-araroba.
A Firma Grillo, Lamberti & Cia fundada em 1922, ocupava um grande edifício no centro de Jequié, além de diversos imóveis na Avenida Rio Branco.
Limongi & Cia, também importadores e exportadores, inclusive dos pneus Pirelli, tinham um armazém denominado “A Lâmpada”, com completo sortimento de material elétrico.
A firma Fratelli Biondi era proprietária da Grande Padaria Bahiana, onde “tudo que se vende nesta casa é garantido”, como era divulgado na época.
No ponto mais central de Jequié estava instalado o afamado “Bar e Pastelaria Fascista”. Com salão de bilhar e barbearia, era o ponto de encontro da melhor sociedade local. Seu proprietário Miguel Ferraro, era um dos homens mais populares de Jequié, segundo se comentava.
A firma Geraldo Orrico & Cia, fundada em 1907, era também compradora dos chamados gêneros do país: cacau, café, fumo, etc.
Naqueles tempos as dificuldades sociais e naturais eram grandes. Quando não enfrentavam os jagunços, como Zezinho dos Laços e outros, enfrentavam as intempéries. Foi o que ocorreu a Ângelo Larocca cuja viagem com a tropa de mulas, de Jequié a Poções, distante 83 km, durou uma semana em abril de 1919, como nos conta Raul Sarmento, em detalhado e inédito relato que possuímos em nosso Arquivo.
Em 1934 um ônibus da empresa pertencente a Vicente (Orrico) Sarno transportou a comitiva de Juracy Magalhães, então interventor na Bahia, para Vitória da Conquista.
Cedroni foi o primeiro fotógrafo profissional de Jequié, e André Leto, também de Trecchina, foi o proprietário do cinema “Ítalo-Brazil” na década de 20. Os “Fratelli” Leto fabricavam também uma bebida refrigerante de diversos sabores, na época chamada de “gasosa”, que era consumida pelos espectadores após as sessões. Os “Fratelli” Leto possuíam também uma usina elétrica.
Estas atividades comerciais, na sua fase de expansão, duraram bastante tempo. Ainda na década de 50, Camilo Sarno abria em Jequié um armazém de compra e venda de “gêneros do país”, filial da Casa Sarno de Poções.
A trajetória comercial dos italianos na Bahia iniciava em Salvador, passava por Nazaré das Farinhas, Jaguaquara, Jequié e Poções. Curiosamente, nunca chegaram a Vitória da Conquista, onde o clima ameno podia-se supor, fosse um fator de atração para os imigrantes europeus.
Trecchina – Jequié... qual o elo misterioso que uniu estes dois lugares ?
Simbolicamente o sul da Itália foi unido ao sertão da Bahia pelo então governador Lomanto Júnior, que as tornou cidades irmãs, em 1963. Na ocasião, a comitiva que visitou Trecchina ainda foi recepcionada por Carmine Marotta, nesta época com 93 anos de idade.
Mas, é lendo nos registros e nos livros da história de Trecchina que sentimos mais claramente como nos são familiares estes sobrenomes que se destacam: Scaldaferri, Schettini, Grisi, Mensitieri, D’Andrea, Rotondano, Niella, Maimone, Caricchio, Ferraro, Pesce, Marotta, Orrico, Pignataro, Bartilotti, Vita, Sarno, Guerrieri, Acierno, Leto, Miccuci, Liguori, Colavolpe, Limongi...
Eduardo Sarno
Out/2003